O KARA, de pensamento abstrato, conversa com A GAROTA, de pensamento lógico:
- Estou lendo Jack Keroauc. – Diz ele
- Estás gostando ?
- Muito! Estou nos primeiros capítulos mas já estou pensando em fazer o que o Bob Dylan disse que fez ao ler esse livro!
- O que ele disse que fez?
- Leu o livro e fugiu de casa!
- ( Risos ) Idiota ! Tu moras sozinho !
- GAROTA – diz o KARA – O problema de quem estuda exatas é esse, tem o pensamento exato. Quando digo que quero fugir de casa, na verdade estou dizendo que quero fugir da vida que levo, da minha rotina. Quero fugir da mediocridade em que vivo, do meu trabalho, onde sou subordinado a um tolo idiota e imbecil que pensa que o mundo gira em torno dele e de seus funcionários que fazem tudo o que ele ordena de cabeça baixa e sem questionamentos, e ainda agradecem pelo salário miserável que recebem achando que isso é um favor que recebem! Quero fugir desse mundinho de aparências de uma sociedade hipócrita que dita o que é certo e errado, mas que na verdade tem medo de tentar ser feliz e medo de quem a desafia. Essa sociedade tem medo de quem tenta ser feliz do seu jeito, e por isso a recrimina, e a isola. Nos querem todos iguais, todos fantoches calados que fingem ser felizes. E que a felicidade está em produtos X, Y ou Z, e se você não os comprarem nunca atingirá a felicidade. Quero fugir de mim mesmo, do meu comodismo, dos meus preconceitos, dos meus medos, das minhas limitações que eu mesmo me imponho.
A GAROTA pensa um pouco e, sem entender nada, diz:
- Bah, é bom mesmo esse livro, né?
segunda-feira, 24 de março de 2008
sábado, 8 de março de 2008
O CONQUISTADOR
Ele se chamava Pedro. E era o maior conquistador da faculdade. Tinha uma extrema facilidade em encantar, seduzir mulheres. Não era belo, mas feio também não era. Talvez fosse seu olhar: firme, penetrante, intenso. Ou então sua conversa, que era envolvente, quase irresistível. Era ousado, tinha atitude, sempre bem disposto, bem arrumado. Sabia exatamente onde investir para conseguir mais uma conquista.
Suas preferidas eram as comprometidas. Ele visualizava sua “vítima” e logo traçava uma estratégia para conquistá-la. Analisava seu comportamento, seus gestos. Aproximava-se da menina e puxava algum assunto, e logo começa uma conversa, e aí ele descobria o que ela pensava, o que gostava, e, principalmente, o que queria para sua vida. Com um papo bem despretensioso descobria onde o namorado da moça estava falhando, pois sabia que nenhum relacionamento era perfeito, sempre havia um ponto fraco, e aí com o tempo investia pesado nesse ponto, até consumar sua conquista.
Mas não o fazia por mal, por vaidade. Não buscava somente sexo, ou um nome a mais na sua lista. Todas as mulheres que seduziu, ele estava apaixonado por ela. Seu defeito era apaixonar-se com extrema facilidade, a cada semana, e aí era uma nova conquista. Um simples olhar, um sorriso, um cabelo bonito já o deixava caidinho pela guria. E aí não tinha jeito, era mais uma missão a realizar.
Mas tinha uma coisa que lhe incomodava: Ele não conseguia manter relacionamentos estáveis. Pedro conquistava a garota, ficava umas duas ou três vezes com ela e depois perdia o interesse. Por mais bonita, simpática, interessante que fosse a garota ele perdia o ânimo em estar com ela. E isso começou a lhe incomodar, os anos estavam passando e ele nunca tinha namorado mais do que três meses com uma mesma garota. Queria mudar isso, queria algum relacionamento estável, mas não conseguia controlar sua fraqueza em conquistas.
Quando realizou mais uma sedução, decidiu que aquela seria a última, que controlaria seus instintos e ficaria somente com ela. Até porque tinha sido uma batalha bem difícil, pois a menina era noiva e amava muito o noivo. Mas ela não resistiu as investidas de Pedro, e apaixonou-se perdidamente por ele.
Cinco meses se passaram e Pedro estava conseguindo manter seu planejamento. Já não tinha mais o interesse inicial que tivera pela garota, mais mesmo assim era feliz com ela. Tinham um relacionamento intenso e bem bacana. Apesar de não amá-la sentia-se bem ao seu lado, e preocupava-se muito em fazê-la feliz também. Talvez para conseguir manter seu projeto, talvez para que não viesse outro e tirar-lhe dele.
Um ano se passou e seus amigos estavam incrédulos. Finalmente alguém tinha dobrado seu coração. Ele concordava quando diziam isso, mesmo sabendo que não era verdade. Às vezes pensava se deveria continuar com o namoro, já que tinha cumprido sua meta. Mas já tinha se acostumado com uma relação estável, e não estava mais a fim de voltar a ser reconhecido como um conquistador. Já pensava em construir família, filhos, casamento.
Aos poucos aquele Dom Juan que fora um dia já não se identificava nele. Não tinha mais aquele olhar hipnotizante, mas um olhar vazio, melancólico. Sua conversa não era mais envolvente, irresistível, mas entediante e repetitiva. Nunca fora bonito, mas agora estava barrigudo, com olheiras, com a barba por fazer. Não tinha mais atitude, estava acomodado. Já não era mais o que fora um dia. Mas mesmo assim sua garota continuava linda como antes, e o amando do mesmo jeito de quando se conheceram.
Com o passar dos tempos foi acontecendo uma coisa que lhe deixou feliz. Estava começando a “reapaixonar-se” pela sua, agora, noiva. Foi acontecendo de repente, aquela vontade que tinha de largar tudo e partir para uma nova conquista foi desaparecendo aos poucos, quando se deu por si, a única mulher que pensava, que desejava, era a sua.
Até que um dia, poucos dias depois de completarem três anos juntos, ela chegou para ele e disse que queria ter um assunto sério. Ele logo imaginou que ela queria marcar o casamento. Sim, era o que ele mais queria, casar-se com o seu amor e ter muitos filhos.
Estava radiante para a conversa. Até que ela aproximou-se dele e falou o que era: Ela já não o amava mais, fazia algum tempo, e conheceu recentemente um outro rapaz que a seduziu, e ela estava perdidamente apaixonada por ele.
- Mas como assim, indagou Pedro! - E o nosso noivado, e o nosso relacionamento? Investi tudo em você, deixei dezenas de garotas para ficar só contigo! Mudei meu modo de ser, mudei minha vida para dedicá-la a você e agora tu vem me dizer que está tudo acabado ? O que eu vou fazer da minha vida, preciso de você!
Mas não teve jeito, ela estava apaixonada por outro e decidida a terminar seu relacionamento com Pedro. Confessou a ele que ela era assim mesmo, gostava de namorar sério, mas quando noivava acabava perdendo o interesse, o ânimo com o rapaz. E repentinamente tinha conhecido outro homem e acabara apaixonando-se por ele. Mas dessa vez seria diferente, estava decidida a namorar, noivar com o outro e continuar com ele. Já estava tudo planejado.
Pedro acabou sentindo na pele o mesmo que fizera a suas antigas conquistas, com a diferença de que as mulheres são mais fortes que os homens. O feitiço tinha virado contra o feiticeiro, foi envenenado pelo mesmo veneno que utilizava. Já não sabia mais seduzir, já não tinha mais um papo agradável. Acabou se desiludindo com a vida, se entregando a bebida. Nem de longe lembra mais aquele que já fora o maior conquistador da faculdade!
Suas preferidas eram as comprometidas. Ele visualizava sua “vítima” e logo traçava uma estratégia para conquistá-la. Analisava seu comportamento, seus gestos. Aproximava-se da menina e puxava algum assunto, e logo começa uma conversa, e aí ele descobria o que ela pensava, o que gostava, e, principalmente, o que queria para sua vida. Com um papo bem despretensioso descobria onde o namorado da moça estava falhando, pois sabia que nenhum relacionamento era perfeito, sempre havia um ponto fraco, e aí com o tempo investia pesado nesse ponto, até consumar sua conquista.
Mas não o fazia por mal, por vaidade. Não buscava somente sexo, ou um nome a mais na sua lista. Todas as mulheres que seduziu, ele estava apaixonado por ela. Seu defeito era apaixonar-se com extrema facilidade, a cada semana, e aí era uma nova conquista. Um simples olhar, um sorriso, um cabelo bonito já o deixava caidinho pela guria. E aí não tinha jeito, era mais uma missão a realizar.
Mas tinha uma coisa que lhe incomodava: Ele não conseguia manter relacionamentos estáveis. Pedro conquistava a garota, ficava umas duas ou três vezes com ela e depois perdia o interesse. Por mais bonita, simpática, interessante que fosse a garota ele perdia o ânimo em estar com ela. E isso começou a lhe incomodar, os anos estavam passando e ele nunca tinha namorado mais do que três meses com uma mesma garota. Queria mudar isso, queria algum relacionamento estável, mas não conseguia controlar sua fraqueza em conquistas.
Quando realizou mais uma sedução, decidiu que aquela seria a última, que controlaria seus instintos e ficaria somente com ela. Até porque tinha sido uma batalha bem difícil, pois a menina era noiva e amava muito o noivo. Mas ela não resistiu as investidas de Pedro, e apaixonou-se perdidamente por ele.
Cinco meses se passaram e Pedro estava conseguindo manter seu planejamento. Já não tinha mais o interesse inicial que tivera pela garota, mais mesmo assim era feliz com ela. Tinham um relacionamento intenso e bem bacana. Apesar de não amá-la sentia-se bem ao seu lado, e preocupava-se muito em fazê-la feliz também. Talvez para conseguir manter seu projeto, talvez para que não viesse outro e tirar-lhe dele.
Um ano se passou e seus amigos estavam incrédulos. Finalmente alguém tinha dobrado seu coração. Ele concordava quando diziam isso, mesmo sabendo que não era verdade. Às vezes pensava se deveria continuar com o namoro, já que tinha cumprido sua meta. Mas já tinha se acostumado com uma relação estável, e não estava mais a fim de voltar a ser reconhecido como um conquistador. Já pensava em construir família, filhos, casamento.
Aos poucos aquele Dom Juan que fora um dia já não se identificava nele. Não tinha mais aquele olhar hipnotizante, mas um olhar vazio, melancólico. Sua conversa não era mais envolvente, irresistível, mas entediante e repetitiva. Nunca fora bonito, mas agora estava barrigudo, com olheiras, com a barba por fazer. Não tinha mais atitude, estava acomodado. Já não era mais o que fora um dia. Mas mesmo assim sua garota continuava linda como antes, e o amando do mesmo jeito de quando se conheceram.
Com o passar dos tempos foi acontecendo uma coisa que lhe deixou feliz. Estava começando a “reapaixonar-se” pela sua, agora, noiva. Foi acontecendo de repente, aquela vontade que tinha de largar tudo e partir para uma nova conquista foi desaparecendo aos poucos, quando se deu por si, a única mulher que pensava, que desejava, era a sua.
Até que um dia, poucos dias depois de completarem três anos juntos, ela chegou para ele e disse que queria ter um assunto sério. Ele logo imaginou que ela queria marcar o casamento. Sim, era o que ele mais queria, casar-se com o seu amor e ter muitos filhos.
Estava radiante para a conversa. Até que ela aproximou-se dele e falou o que era: Ela já não o amava mais, fazia algum tempo, e conheceu recentemente um outro rapaz que a seduziu, e ela estava perdidamente apaixonada por ele.
- Mas como assim, indagou Pedro! - E o nosso noivado, e o nosso relacionamento? Investi tudo em você, deixei dezenas de garotas para ficar só contigo! Mudei meu modo de ser, mudei minha vida para dedicá-la a você e agora tu vem me dizer que está tudo acabado ? O que eu vou fazer da minha vida, preciso de você!
Mas não teve jeito, ela estava apaixonada por outro e decidida a terminar seu relacionamento com Pedro. Confessou a ele que ela era assim mesmo, gostava de namorar sério, mas quando noivava acabava perdendo o interesse, o ânimo com o rapaz. E repentinamente tinha conhecido outro homem e acabara apaixonando-se por ele. Mas dessa vez seria diferente, estava decidida a namorar, noivar com o outro e continuar com ele. Já estava tudo planejado.
Pedro acabou sentindo na pele o mesmo que fizera a suas antigas conquistas, com a diferença de que as mulheres são mais fortes que os homens. O feitiço tinha virado contra o feiticeiro, foi envenenado pelo mesmo veneno que utilizava. Já não sabia mais seduzir, já não tinha mais um papo agradável. Acabou se desiludindo com a vida, se entregando a bebida. Nem de longe lembra mais aquele que já fora o maior conquistador da faculdade!
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