terça-feira, 27 de maio de 2008

PRA VER SE EU CONSEGUIA DIZER QUE TE AMO

Inspirado na música homônima dos Replicantes


Fizemos um show muito legal essa noite, bacana mesmo. E lá do palco eu via ela. Júlia. Linda, linda. Grande fã da minha banda, rockeira ao extremo!!! Dança todas as nossas músicas, sabe todas de cor. É amiga da Raffaella, namorada do vocalista da banda, o Katarrera.

Júlia, esse nome, essa garota não me sai da mente. Sempre nos ensaios ela está lá, e eu admirando sua beleza. Todas as minhas letras de amor são inspiradas nela, espero contar-lhe isso um dia. Quando faço meus solos de guitarra fecho os olhos e imagino que estamos somente nós dois nesse salão, nesse palco. Mas o meu problema, meu grande problema é que não consigo dizer o quanto a amo. Acho que ela não tem namorado, pois está sempre sozinha, mas não consigo me aproximar dela.

Ao final do show de hoje tomamos aquela tradicional cervejada pós show, e conversando com o Tonelada, baterista da banda, acabei deixar escapando que sou apaixonado pela Júlia, pois até então só meus cadernos de rascunho sabiam desse meu amor platônico. E o Tonelada disse que amanhã ele e sua garota, mais o Katarrera e a Raffa iriam a um barzinho, e Júlia estaria lá, sozinha. No começo recusei a idéia, por medo, sei lá. Mas como eu já tinha tomado todas, estava pra lá de chapado ele me convenceu fácil.

Acordei numa puta ressaca. Passei o dia todo deitado com a cabeça estourando. Mas hoje era a grande noite, hoje confessaria meu amor a Júlia. Hoje faria mais uma canção inspirada nela. Como estava muito mal tomei um pó de guaraná pra me recuperar. Essa noite tinha que ser perfeita.

Estava chegando a hora do encontro. Tomei um banho caprichado, comprei o xampu mais caro, pois como sou punk lavo os cabelos só com sabão mesmo, quando os lavo. Vesti minha melhor roupa, hoje é a noite, hoje eu ganho essa garota.

Chegando no barzinho encontro os malucos, o Katarrerra e o Tonelada com suas garotas, mas e Júlia, onde estaria? Cumprimento a todos, mas não pergunto pela garota, no mínimo ela tinha desistido. Até que a Raffaella me pergunta:
- Não estás sentindo falta de ninguém?
-Não sei, acho que estamos todos, não?
Eles riem de mim.
-Não te faz, o Tonelada contou que tu estás afim da Jú. Ela está aqui, só foi buscar uma cerva pra nós!
-Ah, que bom...-respondo com aquele sorriso amarelo, totalmente sem graça.
-Ela está na mão, já trovei ela pra ti! É só chegar nela! Não falei que tu estás apaixonado, mas deixei a entender! Só não vai beber demais hoje né?
-Não, não! Não vou tomar quase nada hoje.

Então chega ela. Mais linda do que nunca. Me diz um “oi” com um lindo sorriso nos lábios. Meu coração dispara. Seria hoje que aquela garota seria minha. Olho nos olhos de Júlia e ela me encara, fico gelado. Então os dois casais levantam-se:
-Nós vamos jogar um bilhar, enquanto vocês conversam...
Eles saem da mesa. Júlia não percebe, mas eles saem do bar, foram embora. Ficaríamos sós a noite inteira...

Chego em casa as seis horas da manhã. Que noite. Ligo meu toca-discos e como a primeira coisa que encontro na geladeira, pois estou morto de fome. Pego meu caderninho, e componho mais uma letra, outra vez inspirado em Júlia, de tudo que queria lhe dizer e na nossa noite:


Agora eu vo me confessar
Tomei um pó de guaraná
Pra ver se eu conseguia dizer que te amo


Confesso já não posso mais
Até nem me chapei de mais
Pra ver se eu conseguia dizer que te amo


Tomei um banho poderoso
Vesti um pano furioso
Pra ver se eu conseguia dizer que te amo


Usei até xampu de erva
Te convidei pruma cerva
Pra ver se eu conseguia dizer que te amo


Eu vo pra casa ouvi um tango
Matar aquele arroz com frango
Depois eu vo fuma uma ponta
Na bronha eu vo passa da conta


Pra esquecer que eu vou morrer
Pra esquecer que eu vou morrer
Sem conseguir dizer que te amo

9 comentários:

Anônimo disse...

Nossa Leandro, adorei este conto !! Foi o que mais gostei de todos!!

Tu tem uma incrivel facilidade de escrever tanto na 3º quanto na 1º pessoa!

Conheço essa música, e acredito que o autor dela deve ter passado por uma situação bem parecida !!

Beijos, e continue escevendo!

Verônica Elias Rumorosa disse...

Certo que eu não acredito que ele não se declarou, bah, esse me ganhou em timidez...rsrs.
Adorei o conto!

Abraços!

Fábio.

Nina 512 disse...

ahhh, eh tao simples dizer eu te amo, qnd se ama de fato alguem

^^

Nathália E. disse...

Só chegar e dizer: TE AMO, PORR*!
Hahaha

Muito bom o texto!
Beijão!

Nathália E. disse...

Esquece a parte do "PORR*".

:D

Jaya Magalhães disse...

Leandro,

Cheguei pra agradecer tua visita, e já tô aqui há um tempinho lendo teus textos. BONS DEMAIS! Nossa, como é bom encontrar pessoas que escrevem bonito e BEM assim, viu?

Sobre o conto, eu adorei. Rs. Acho que se ele tivesse tomando um pouquinho mais da cerva, as palavras teriam saído mais fácil. Rs. A verdade é que dizer "eu te amo", é sempre complicado. É difícil...

Mas é igual aquela outra música, de Cazuza:

"É que eu preciso dizer que te amo, te ganhar ou perder sem engano..."

E acho bom o mocinho da história tratar de mergulhar no sorriso de Júlia e se deixar envolver por essa mágica bonita do amor antes que ela comece a dançar em outros cantos.

Não conheço essa música, mas ela é bem humorada, né?

Beijos pra você.

T disse...

vim agradecer pelo elogio!
você tb escreve muito bem!
fica beeeem :*

Proibida disse...

Adorei! Este teu blog também é muito bom. Desde já comunico que vou te linkar, e assim espero não haver problemas.

Obrigado pelo comentário em meu blog! Volte sempre. hehehe

Beijo

T disse...

hahahaha
não sei se era pra rir
mais ri demais com essa música!
e seu post tá foda demais!
:DDD
beijooooo